sábado, 25 de setembro de 2010

(...)Saberemos viver uma vida melhor que esta,
quando mesmo chorando é tão bom estarmos juntos?
Sofrer não é em língua nenhuma.
Sofri e sofro em Minas Gerais e na beira do oceano.
Estarreço de estar viva. Ó luar do sertão,
ó matas que não preciso ver pra me perder,
ó cidades grandes, estados do Brasil que amo como se os tivesse inventado.
Ser brasileira me determina de modo emocionante
e isto, que posso chamar de destino, sem pecar,
descansa meu bem-querer.
Tudo junto é inteligível demais e eu não suporto.
Valha-me noite que me cobre de sono.
O pensamento da morte não se acostuma comigo.
Estremecerei de susto até dormir.
E no entanto é tudo tão pequeno.
Para o desejo do meu coração
o mar é uma gota.

(Adélia Prado)

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

malditos brincos que insistem em não sair da orelha
fazendo pirraça
só pra lembrar você.
12:12
13:13
14:14
15:15
16:16

23:23

apenas duas coisas permanecem:
o horário igual (que me faz pensar em você)
eu pensando em você.

domingo, 19 de setembro de 2010

De você sei quase nada. Pra onde vai ou porque veio, nem mesmo sei qual é a parte da tua estrada no meu caminho.
Será um atalho ou um desvio?
Um rio raso? Um passo em falso? Um prato fundo pra toda fome que há no mundo?

Noite alta que revele um passeio pela pele.
Dia claro, madrugada, de nós dois não sei mais nada.

Se tudo passa, como se explica o amor que fica nessa parada?
Amor que chega sem dar aviso, não é preciso saber mais nada.

[Quase nada - Zeca Baleiro]