terça-feira, 26 de outubro de 2010

A sua lembrança me dói tanto.
Eu canto pra ver se espanto esse mal, mas só sei dizer um verso banal
Fala em você, canta você
É sempre igual

Sobrou desse nosso desencontro um conto de amor sem ponto final, retrato sem cor jogado aos meus pés.
E saudades fúteis, saudades frágeis, meros papéis...

Não sei se você ainda é a mesma ou se cortou os cabelos, rasgou o que é meu.
Se ainda tem saudades e sofre como eu,
ou tudo já passou, já tem um novo amor, já me esqueceu...

(O velho Chico)

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

A meio pau

Queria mais um amor. Escrevi cartas,
remeti pelo correio a copa de uma árvore,
pardais comendo no pé um mamão maduro
- coisas que não dou a qualquer pessoa -
e mais que tudo, taquicardias,
um jeito de pensar com a boca fechada,
os olhos tramando um gosto.
Em vão.
Meu bem não leu, não escreveu,
não disse essa boca é minha.
Outro dia perguntei a meu coração:
o que há durão, mal de chagas te comeu ?
Não, ele disse: é desprezo de amor.

(Adélia Prado)