quinta-feira, 17 de junho de 2010

não fosse isso
e era menos
não fosse tanto
e era quase

(Leminski)

rio de mistério

rio do mistério
que seria de mim
se me levassem a sério?

(Leminski)
Leminski é um dos meus autores favoritos.
É mágico ver como tão pouco diz tanto.
Tudo funciona de um jeito que não cansa, onde o encanto vem aos poucos, e as palavras entram de mansinho pelos ouvidos, e de repente... sorriso.

pelos caminhos que ando
um dia vai ser
só não sei quando
(Leminski)

segunda-feira, 14 de junho de 2010

baseado em fatos reais

sombra assustadora
meu cabelo
preciso de uma tesoura!

(por Bia e Let)
demasiada poesia
ás vezes dói
por ser demais
Odeio quem me rouba a solidão sem em troca me oferecer verdadeira companhia.
(Nietzsche)
A paixão é
covarde.
Permanece distante...
se faz de sonsa...
mas quando quer
ligeirinho provoca o maior alarde.

Me deixa atônito!
Quando penso que está longe,
num susto me invade.

Fico sem saber...
na verdade, até sei,
que quando vem à tona
sabe como ninguém
me deixar, completamente,
às tontas.

[em parceria com Huguinho]

domingo, 6 de junho de 2010

Poema da despedida

Não saberei nunca
dizer adeus
Afinal,
só os mortos sabem morrer

Resta ainda tudo,
só nós não podemos ser

Talvez o amor,
neste tempo,
seja ainda cedo

Não é este sossego
que eu queria,
este exílio de tudo,
esta solidão de todos

Agora
não resta de mim
o que seja meu
e quando tento
o magro invento de um sonho
todo o inferno me vem à boca

Nenhuma palavra
alcança o mundo, eu sei

Ainda assim,
escrevo

(Mia Couto)